quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Afinidade

É tão curiosa a afinidade entre seres humanos. Me emociona escrever esta frase. Hoje um fato inusitado me ocorreu:

- Que bom encontrar você, menina misteriosa que tanto admiro.
- Puxa, assim até fico encabulada. Mas você também é um tanto misterioso. Dá aquela vontade de desvendar.
- Uau! Aí está algo que nunca me haviam dito antes.
- Imagina. Uma vez estava observando você costurar um patch na sua jaqueta. Rapaz prendado. Em outra ocasião fiquei a ouvi-lo cantar na casa de uma amiga. Sabe quando bate aquela vontade de conhecer?
- Nossa! Você estava lá? Minha vez de ficar encabulado. Não sabia dessas cosias. Faz tanto tempo! Mas também sempre tive vontade de te conhecer.
- Legal! Então é recíproco.

Ah, e é mesmo. Mas isto é muito curioso, como vinha dizendo. Não sei quase nada a seu respeito. Tudo o que sei é que não tem nada a ver comigo. Ela gosta de coisas antigas. Veste paletó, no maior estilo anos 60 e aprecia o bom e velho rock'n roll com influências do punk setentista. Sou tão contrário a ponto de ser vocalista de uma banda que toca um som que sequer é difundido no Brasil. A arte mais antiga que aprecio - você já sabe - são as crônicas de Rubem Braga dos anos 30, principalmente. E ele era um boêmio que gostava de samba. A única coisa que eu e ela temos em comum é a apreciação pela leitura. Mas, provavelmente, não lemos as mesmas coisas.

Então, de onde vem isto, esse anseio todo em conhecê-la? Até propus um dia sentarmos para conversar. Isso antes de cair a ficha: o que direi a ela? Mas adoraria tê-la aqui ao meu lado no bar.

Continuo me fazendo a mesma pergunta. Talvez seja apenas curiosidade, mas duvido plenamente. Dizem por aí que os opostos se atraem. Não sei. Acho uma bobagem que criaram a partir da Física, ou de pilhas alcalinas.

(...)

Mas espere. Deixe-me tentar um exemplo:

Suponho marido e mulher. Se preparam para ir à uma festa de aniversário. E são muito parecidos em personalidade. Calmos. Serenos. A mulher se demora a passar o batom enquanto o homem tranquilamente se ajeita no sofá a trocar os canais sem o menor interesse. Apenas esperando o tempo passar. Quando ela termina, pega o presente e chama o marido: Vamos? E chegam atrasados à festa. Ao contrário disso, a mulher borra a maquiagem assustada com o chamado ansioso do marido já perturbado: Anda logo, criatura! Ambos saem correndo, chegam na festa a tempo, mas esquecem o presente.

Já em outro caso a mulher calmamente se arruma enquanto o homem em agonia buzina da garagem com o carro já ligado. Ela pega o presente e ambos chegam a tempo na festa.

Que coisa!



Blumenau, 15/10/2007.

10 comentários:

Unknown disse...

Já ouvi dizer tbm que os opostos se atraem, já vi, e acredito tbm!

Juliana disse...

VERdadade!
Ponto de vista é ponto de vista e eu creio que deverias chamá-la pra sentar contigo no bar!
Com certeza vai render!


Ps: Pode me avisar sempre que postar aqui =)

Por Minuto disse...

ai meu deus... incrivel como voce sempre fala de si mesmo, usando coisas, que eu acredito, vc usa diariamente, mas mesmo assim parece muito misterioso.. estranho!

Unknown disse...

Lembro-me do exemplo do casal indo à festa. Parece que faz séculos que me mandasse esse trecho por txt.
Deve ser porque a última semana se arrastou como o que poderia ser a eternidade.

Unknown disse...

Externando um pouquinho do que penso sobre os opostos.
Lei da física,clichê dito pela sociedade,magnetismo por falta de de auto-estima talvez,uma suscitação de admiração quem sabe.Lógico na teoria,e na prática?Gostos e temperamentos antagônicos,tantas divergências,e suas variantes infinitas.Ora,não somos completos,ou não nascemos completos o bastante?Não seria o mesmo que entrar em algo pela metade,ter um relacionamento pela metade,tentando encontrar no outro uma satisfação vaga das próprias?
Nascemos completos.Será que precisamos mesmo nos completar?Antes deve-se procurar amar a si.Amando a si basta para o todo o depois;sabendo depois de si,conhecer o outro,e assim pronto para viver com alguém parecido,ou com alguém com peculiaridades dierentes.
Mas é um fato bastante curioso.Não deixa de ser ironia que nos sentimos fascinados por pessoas tão opostas a nós.
Como é bom te ver escrevendo com visões tão claras de ti próprio.Beijo em você

Cláudia A. Al-Nahar disse...

Não é ironia. O (in)diferente é "agradável" aos olhos. Ou repudiamos, ou amamos. Extremos e longínquos sentimos próximos. Como diria nosso estimado Joker “50/50”.

O fato de completar-se é algo além do corpo. De fato, não é com a física ou com os "clichês" que vamos compreender a (in)constante e minuta necessidade de possuir. Sim, possuir.
Todos somos completos, até aqueles a quem os membros faltam. Pelo menos assim deveria ser. Ou não? Conhecer, talvez a resposta tenha apenas 8 letras.
Completar-se e sentir-se completo, deve ser algo dos confins da alma, sentimento, quem sabe. O cara que ficou “emputecido”, buzinado enlouquecido e provavelmente gritando pela mulher a plenos pulmões, não a conhece. Vice-versa.
Assim como devoramos um livro, e no fim não resta nem a capa! As pessoas são instigantes, tanto quanto. Ou não.

O amor próprio é, no mínimo, o mínimo que podemos nos ofertar. Além de que, completar alguém antes de ser completo, isso sim, seria ironia.

Eu gosto das pilhas alcalinas, mas duvido que elas possuam o poder de atrair. No entanto, completam meu controle remoto ;D

Unknown disse...

Calma, gente.

Eu não disse que ele tava gritando com ela emputecido. Tava dando uma apressadinha só. Justamente porque ele a conhece e sabe que se deixar ela ficar lá viajando no baton. heheh

Cláudia A. Al-Nahar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andryo Dias disse...

hahahaha

Noiada :)

Rayanna U. disse...

adorei tudo, haha