sábado, 19 de julho de 2008

Criciúma

A poluição da fumaça cobria o horizonte ao passar pela área industrial. Assustava minha opinião a respeito de Criciúma, enquanto me aproximava da cidade. Mesmo dentro do carro, com as janelas fechadas, meus olhos começaram a arder. Julgava ser consequência de minha noite mal-dormida com apenas 1 hora de sono - ou cochilo, até que a irritação passou também para as cordas vocais.

- Estes empresários deveriam ir em cana! - exclama meu bom velho seu repúdio.

Entendo que uma digna folga financeira para os filhos de seus filhos seja importante, mas é um princípio conturbado, visto que tanto se fala hoje em dia sobre aquecimento global. Seria pedir demais que se preocupassem também com os filhos de meus filhos?

O cenário começa a amenizar quando entramos em Içara. Mais ainda porque a cidade me recorda a amável e sedutora Priscila; uma senhorita de expressão cativante por quem criei rapidamente singelo afeto. Lembra também sua irmã, que surpreendentemente é tão rude quanto o vingativo Corisco - como afirma a própria, mas a lembrança de "Miéia" é uma lembrança divertida.

Chegando em Criciúma foi fácil até demais achar o Della Giustina, local onde combinei o reencontro com Michelle, amiga que não vejo há cerca de 6 ou 7 anos... Eu não poderia ser mais desnaturado com uma pessoa tão especial. Logo tratei de avisá-la de minha chegada e, posteriormente, à Suelen, que somente existiria através da fé, pois é inconcebível que alguém possa ter tantos minuciosos detalhes em comum comigo.

Avisadas minhas pessoas mais queridas é hora de dar um giro e conhecer o ar da cidade, sua essência, sua coisa-em-si. Ao sair do Della Giustina despenco, como um presente da causalidade, na praça Nereu Ramos: o coração de Criciúma. É aqui que trabalha todos os dias Passarinho; e é a ele que preciso entregar o abraço do Lagarto transformando a praça em um zoológico. De Blumenau à Criciúma os hippies possuem, na abstinência da luxúria, uma beleza que poucos enxergam no ir e vir da propensão ao consumismo local, tornando-se em verdadeiros andarilhos do capitalismo. Com exceção daquela doce garotinha que ainda não aprendeu a caminhar com elegância e não sabe que tem lindos olhos azuis. A meiguice da imagem é indescritível.

O clima não poderia ter outro adjetivo senão perfeito. O calor do dia ensolarado equilibra a baixa temperatura da época, tornando o ambiente limpo e suave com a música italiana ao fundo. Esta manhã não poderia ser tão ideal para um apreciador do frio que vive em Blumenau: verdadeiro inferno tropical. Motivo talvez pelo qual a cidade tenha se tornado um antro de amantes do chopp. Tanto que me senti forçado a sentar no bar central da praça quando observei todas estas mesas e cadeiras postas propositalmente com a pretensão de me convidar quando chegasse à cidade. Gostaria que estivessem aqui também Júlia, Tiago, Frank, Samira, Marquinhos e Alice. Tenho a sensação de que pertenço aqui. Em função da madrugada de sexta, suponho que o sábado sequer tenha começado para eles. O meu mal começou, mas, para alguém que tanto admira as coisas simples da vida, já teria valido muito a pena.


Criciúma, 19/07/2008.

5 comentários:

Michelle Braglia disse...

E agora vc poderia criar o hábito de, sempre que possível, estar por aqui.
Foi bom rever-te...
O abraço do reencontro, inesquecível.

Volte sempre, amigo!

Amo vc, beijos!

Suh Pozza disse...

Eu contava q vc pudesse ficar até o domingo, para poder atarde passar um tempinho conversando.:/
Mais pelo que senti nas tuas palavras acho q vc gostou da minha terra, tenho então a esperança de q vc Volte Sempre!

a poluição: não é ridiculo?
Mais te digo uma coisa, aqui desde q nascemos respiramos carvão. Já nem sentimos diferença alguma.
Não é dificil vc ir para periferia ou paras as cidades menoreas nos arredores e encontras coquis, minas de carvão.
No fundo não só a cidade mais nós que aqui vivemos tbm somos movidos por ele.


beijo.

Por Minuto disse...

já que sempre passa pelo meu, vim aqui dar o ar da graca tb... :)
continua escrevendo que eu continuo lendo! hehehe
beijos

Unknown disse...

Rever!Ah como é bom rever pessoas,de quem gostamos!Ainda melhor ver que essas pessoas estão,de fato, melhores.Somos a construção daquilo que vivemos com as pessoas,e ações que temos diariamente.
Infelizmente; onde estão as legislações,e uma fiscalização mais atuantes?
Talvez nunca consigamos livrar-nos,balda de que,por exagerados ineptos;até que vejamos que antes do dinheiro está a vida do nosso planeta,e o futuro das gerações futuras.

Como é bom reencontrar-te,mesmo que em palavras!Continue escrevendo,vou ter sempre um tempinho a dedicar a quem eu gosto.
Um beijo em ti

Unknown disse...

Andryo e seus belos momentos bem contados palavra apos palavra. A principio achei que\ leria algumas linhas e desistira logo, já que sou pelo péssimo leitor (também péssimo escritor como pode ser flagrado nas minhas poucas linhas). Mas por fim acabei me cativando até o ultimo paragrafo. Parabens mano. Tenha certeza de que enquanto voce escrever vai ter alguem aqui pra lêr. abracos


=recorte=
"Não parece tão cômico, mas um jovem "comemorando" o nascimento de Cristo vestindo somente preto e camisa de banda de metal cantando esse hino... Não preciso dizer mais nada."
Por essa eu não esperava meu caro amigo. Mas como diz o velho ditado: "antes cantar isso do que ser mudo(quase isso)" não é?!